Muitas pessoas procuram ONGs para encontrar um novo animal de estimação. Mas antes da adoção é preciso ter em mente que nem todos os abrigos possuem infraestrutura suficiente para cuidar da saúde de todos os animais. Muitos são carentes de recursos básicos, como comida e higiene.
O abrigo da Dona Cecília, que faz parte do Projeto Cão sem Fome, não tem condições financeiras para cuidar adequadamente de todos os cães.
Muitas pessoas procuram ONGs para encontrar um novo animal de estimação. Mas antes da adoção é preciso ter em mente que nem todos os abrigos possuem infraestrutura suficiente para cuidar da saúde de todos os animais. Muitos são carentes de recursos básicos, como comida e higiene.
O abrigo da Dona Cecília, que faz parte do Projeto Cão sem Fome, não tem condições financeiras para cuidar adequadamente de todos os cães. Quando comecei a ajudá-los percebi que havia muito a ser feito, como melhorar a higiene e manejo do local, e combater os carrapatos que infectam e matam alguns animais. Isso sem falar na realização de exames e testes sorológicos para garantir a saúde completa de cada um. Mas isso depende de dinheiro e pouco pode ser feito de imediato. Conseguimos vacinar mais de 40 cães – o que já foi uma grande vitória.
Escrevo isso para mostrar que ao adotar um animal nesses locais, a pessoa deve ter plena consciência de que a ONG não tem controle de todos os animais e, por isso, não é responsável pelo que pode acontecer depois de sua saída. Esses projetos tentam melhorar a condição de vida dos animais, garantindo em primeiro lugar a alimentação.
Tudo que vier a mais é uma vitória.
Por outro lado, acredito que as ONG de animais devem ser verdadeiras sempre. Elas devem, sim, alertar o futuro tutor sobre as reais possibilidades e necessidades do animal a ser adotado. Como veterinária, tenho obrigação e alerto todos os proprietários de animais recém-adquiridos (sejam adotados ou comprados), que nenhum deles está livre de doenças virais, por melhor estado que aparentem. Alguns vírus ficam incubados e podem se manifestar após alguns dias ou meses. Portanto, avaliações periódicas e exames complementares podem ser necessários em alguns casos.
Já ajudei algumas ONGs e sei que problemas com adoções são frequentes. É de inteira responsabilidade da ONG fornecer todas as informações sobre o animal que está sendo doado, como seu temperamento com pessoas e outros cães, traumas vivenciados, doenças anteriores, tratamentos realizados, data e carteira de vacinação, entre outras informações que possam ser úteis ao tutor. Aos proprietários que já têm outro animal, é imprescindível que saibam se existe algum risco para o contactante.
Vale saber, ao adotar, que cães vacinados têm pouquíssima chance de ser infectados por doenças como a cinomose e parvovirose (doenças virais altamente letais). Já no caso dos felinos, existem doenças graves como a Peritonite infecciosa felina (PIF) que não tem cura e pode acometer gatos em qualquer faixa etária. Não existe vacina e o risco de transmissão é grande entre os felinos.
Mas não se esqueça que os cães latem, podem urinar e defecar fora do lugar, exigem atenção e cuidado, fazem bagunça, ficam doentes e algumas vezes destroem objetos. Os felinos miam, podem arranhar móveis, cortinas e sofás, ficam doentes e precisam do nosso cuidado. Portanto, nenhum dos itens citados acima é motivo de abandono e devolução.
Um animal não é objeto e precisa ser cuidado e amado por toda suaa vida.
O abandono causa trauma emocional e, para mim, é um ato de crueldade.
Não compre e nem adote um animal por impulso.
Se ficar doente, cuide.
Quando envelhecer, continue ao seu lado.
Eles merecem amor, cuidado e respeito!